quinta-feira, 5 de novembro de 2009

NÃO VALE PEDIR PRA MORRER!

Uma das coisas que aprendi com João Ubaldo Ribeiro, em diversas obras, é que não existe um Brasil, mas vários. Somos uma nação unida pela força política, mas culturalmente diversificados, devido a formas de exploração por diferentes povos. Quem conheçe o país do Oiapoque ao Chuí sabe do que estou falando. Isso não quer dizer que sejamos desunidos, mas que temos hábitos... Digamos... Diferentes. Um dos aspectos, dentre vários, em que podemos perceber essa diferença é no linguajar.

Há 18 anos foi lançado um dicionário de baianês com mais de 1.300 verbetes usados pelas bandas da Bahia. O livrinho, escrito por Nivaldo Lariú, está na 3ª edição e já passou da marca dos 140 mil exemplares vendidos. Comprei um para dar de presente e não resisti a fazer um mini-concurso com vocês. Quem quiser participar é só responder ao post.

Vou escrever algumas frases com esses verbetes e vocês vão tentar “traduzir”. Para quem é baiano minha sugestão é mudar as frases usando termos novos, que, acredito, devem ser incluídos numa próxima edição da cartilha. Serão dois posts até eu anunciar – e vocês conferirem – o vencedor. Na sexta-feira trago as “traduções” de hoje e coloco mais um texto. Na segunda digo quem chegou mais próximo, tá?

Como prêmio, prometo enviar um exemplar para o blogueiro mais aplicado... Divirtam-se.

TESTE DE BAIANÊS 01

Ultimamente tô aluada. Acabo escrevendo umas paradas a culhão, publico a facão e vocês comentam a migué. É que nem sempre estou à toa, quero pegar minha arabaca e abrir o gás para algum reggae. Por isso faço esses armengues. Mas minha consciência agreste quebra minha guia. Não estou broca. É que quando eu era piveta já peguei um baba, brinquei de arraia, pulei elástico, piquei a porra num passarinho de badogue, já bafei bala no shopping, já ri do balaio grande das mulé, tomei banca e nunca fui banda voou. Como meu pai não era barão, eu me ferrava de estudar para minha mãe não bater a caçuleta nem ficar pirada. Algumas vezes era bequitranque, eu ficava boiada. Mas bastava uma amiga dizer: “Bó?” – sem nem botar pilha - e eu dava o vazare. Meu pai virava a porra – principalmente porque ele inticava com das meninas -, e eu morava numas bocadas, com uns cacêtes armados defronte a casa e rolava um bolodório de vez em quando. Até Raul – e porque não Hugo? - o povo chamava. Ele ficava cabreiro, mas nem era de dar caroara. Aliás, queria contar um segredo: meu pé é cagado e cuspido o de meu pai. Eu amo isso. Sempre fiquei curiando os dedos da criatura. Só pirava porque ele queria que eu comesse cacetinho duas vezes por dia e não rolava. Se eu tivesse cabreirado pra ele, tinha ficado um canhão, um cão chupando manga, com uma bunda de caruru, uma cabeça-de-arromba-navio, nenhuma calçola ia subir em mim e ia ser um chororô.

9 comentários:

Unknown disse...

Não entendi nada!
Vou ler de novo.
É para traduzir esse texto inteiro aqui no blog mesmo?
bj

Sonia Rocha disse...

Oi Lu, embora eu não tenha compreendido metade do que foi dito, intuitivamente achei o texto (do teste), muito poético. Lançou-me às lembranças de infância.
Nem vou me atrever a traduzí-lo. Prefiro esperar sua tradução.
Adorei o post, muito criativo e inspirador. De fato somos o país da diversidade. E isso é tão bacana que eu diria...o Brasil é como uma aquarela...
bjos

Desabafando disse...

ahahahaha....difícil missão pq eu juro que não sabia que existiam tantas palavras diferentes aí...rsrsrs...mas vou tentar.

"Ando ultimamente com a cabeça no mundo da lua. Acabo escrevendo correndo, publico e ninguém comenta. É que não ando com muito tempo, quero ir farrear na festa. Por isso faço esses textos. Não estou solteira. É que quando criança eu tinha babá, nadei, pulei corda, matei passarinho com estilingue, comia doce no shopping, ria do bumbum grande das mulheres, mas levava bronca e acabei preso. Como meu pai não era rico eu me atirava aos estudos para minha mãe não implicar. Algumas vezes era difícil e eu ficava aparavorada. Mas bastava uma amiga dizer: vamos? - sem nem atiçar - e eu saia de casa. Meu pai ficava louco - principalmente porque ele implicava com as meninas - e eu morava numas quebradas, com uns marginais armados e na frente da casa sempre tinha algum quebra pau. O povo até vomitava. Ele ficava puto mas procurava não demonstrar. Aliás, queria contar um segredo: tenho unha encravada no pé igual meu pai. Eu amo isso. Sempre achei isso lindo. Só ficava maluco quando ele queria que eu comesse baguetes todos dia e não aguentava. Se eu tivesse escutado ele, iria ficar um canhão de gorda, com uma bunda enorme e não ia caber em nenhuma calça e me acabaria de chorar".

kkkkkkkkkkkkkk....meu texto está sem pé nem cabeça....sem sentido nenhum!

Gente, é mais fácil traduzir inglês do que baianês! Mas gostei da brincadeira! Será que eu passei no teste?? Ou passei longeeeeee da realidade??? rsrsrs...

Aninha disse...

gente
valendo quantos milhões pela tradução?? acho que vou voltar pras aulas de mandarim... é mais fácil!

besoss

Patricia Mascarenhas disse...

Achei muito divertida a brincadeira, so nao vou participar porque nao seria justo, tambem sou baiana e entendi tudo! Apesar de nao falar dessa maneira, ja escutei essas expressoes muitas vezes.
E tambem tenho o dicionario de Baianes!
Mas voltarei aqui pra ver quem ganhou e conferir a sua propria traducao!
Um abraco!

Anônimo disse...

Achei que Desabafando desabafou mesmo.Traduziu o baianês bem.

Desabafando disse...

Ah, não acredito que ninguém mais está participando...assim é injusto...rsrsrs..estou aqui roendo as unhas de curiosidade pra saber se fui bem, achei a missão bem difícil...mas segundo o Anônimo eu me sai bem...rsrsrs..será? Voltei aqui pra xeretar e ver as respostas dos outros!

E obrigada pela compreensão e todo apoio ao meu blog viu. E vc entendeu bem o que quis dizer...pq tenho medo de magoar a pessoa mas tb ando me sentindo machucada pelas atitudes dela. Mas um dia aprendemos né?

Elisa no blog disse...

Vamos ver se passo no teste:

Esses dias ando desligada. Escrevo coisas com pressa, publico de repente e vcs comentam mal. sou muito ocupada, quero pegar meu instrumento musical e me aprontar para tocar raggae. Por isso faço essas coisas. Minha consciência mais profunda acaba comigo. Não estou nervosa.

Depois tento o resto, pode ser?
Tá mais difícil que japonês.
bj

Anônimo disse...

Luciana, que idéia sensacional. Adorei isso tudo e aproveito para dar os parabéns para a Desabafando e a Elisa, que tiveram a coragem de tentar a tradução. Garanto que muitas pessoas tenham tido vontade, mas faltou coragem.
A respeito do assunto, eu sempre gostei muito de ler o João Ubaldo. Comprava o Estadão de domingo (Jornal O Estado de São Paulo) só para ler suas crônicas. Fazia bem o meu gosto a ironia com que conduzia os seus textos. Quando contava algo sobre a "pressa" dos baianos, então era muito engraçado.
Adorei passar por aquí. Nem estou seguindo o seu blog. Estou perseguindo-o. Bjus. Manoel.