domingo, 30 de agosto de 2009

O CINEASTA SAMAMBAIA

Passei este final de semana em uma sala de aula tomando um curso interessante sobre linguagem cinematográfica no Ciclo Salvador de Cinema. Com Philippe Barcinski – diretor do filme “Não por acaso” - aprendi muito sobre o pensar e fazer a sétima arte, conheci pessoas bem legais, outras bastante estranhas e algumas legalmente estranhas. Não se assustem. É que muitas pessoas envolvidas nestes processos são mega alternativas. Normal. Para fazer arte tem que ver o mundo de outra forma mesmo.

Mas vou resumir minha história, caso contrário contarei tuuudo que ouvi e, para isso, precisaria de mil posts.

Como estávamos o dia inteiro em aula, além dos intervalos de duas horas para almoço, sempre tinha um coffee breake para os cabeções respirarem e forrarem um pouquinho a pança. Dentre os participantes, percebi a presença de uma criatura que se inscreveu no curso para lanchar, a palestra era um momento extra do seu dia. Como eu não era muito fã do que foi servido, fiquei mais no suquinho, conversando com amigos e observando.

O cara era uma figura. Tinha um cabelo de samambaia real – o que por si só já chamava atenção – guardava lanche no bolso, bebia a metade do copo com a garrafa na mão para encher de novo antes de passar a vez para o próximo e, no meio da palestra, ouvíamos o tilintar de colheres dele limpando a mesa de novo. Além da vergonha alheia que senti, ele virou nosso motivo de graça...

Na verdade, só descobri a ação esfomeada do cineasta samambaia após o primeiro coffee break. Ele estava sentado ao meu lado e não tinha como não ouvi-lo chupando os dentes para engolir os restos alimentícios. Tenho asco ao barulhinho, mas tudo bem, a boca é do cara e ele faz o que quiser.

A história melhorou quando percebi que estava segurando algo, semelhante a um osso e mordendo. Pensei: “Porra, velho! Que cara fominha, guardou um mega salgado para comer durante a aula”. Antes fosse. Pasmem. O cara tava lambendo a dentadura!!! Quase caí mole no chão de tanto nojo. Pense na cena bonita!

Fiquei horrorizada!!! Uma coisa é a pessoa comer muito e deixar o bom senso de lado na hora de se servir em grupo. Até aí vai, ninguém sabe qual é a situação da vida dele. Mas daí a samambaia me obrigar a vê-lo limpar a dentadura é demais! Quase ofereci minha escova de dentes de presente. E é óbvio que depois eu ia jogar fora, né????

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

ASSASSINA DO TEMPO

Toda sexta-feira, penso: não vou sair de casa, colocarei aqueles assuntos do mestrado e inglês em dia, vou arrumar meu quarto, separar roupas sem uso e tirar o sono atrasado. Certo? Errado. Por mais que não faça nada especial, nunca consigo fazer “issos” e sempre estou com a sensação de que minha vida está atrasada.

Não sei vocês, mas eu, quando chega no domingo à noite – momento esse em que, impacientemente, vos escrevo – me bate aquela ansiedade de executar tudo que deveria ter feito e, na verdade, não consigo adiantar muita coisa além de dormir com um humor de cão de quinta que foi exorcizado por Edir Macedo – ser um cão que é expulso por Edir Macedo deve ser mais frustrante ainda.

Recebi uma maldita notificação por ter atravessado o semáforo no sinal vermelho. É mentira!!! Aquele aparelho só podia estar bêbado por excesso de consumo de energia!!! O sinal estava amarelo e eu indo resolver os burocráticos processos funerários de uma tia. Com certeza, eu não estava no meu estado normal, que já é um dos meus argumentos de defesa. Tem um mês que estou com os malditos modelos de revisão e nunca consigo formatar meu pedido. Resultado: tenho apenas até esta sexta-feira para fazer o pedido e ir lá dar entrada, ou, então, desembolsar uma quantia razoavelmente suficiente para que eu ganhe potência de declarar a Terceira Grande Guerra Mundial.

Minha querida irmã, gentilmente, fez minha DIRPF. Mas, para variar, meu digníssimo CPF está com problemas na receita e pipocou o medo de minha bilhardária restituição ficar retida para uso desse governo, que eu odeio, por tempo eterno.

Para ficar a par da situação fiscal, sem ter que ir enfrentar a burocracia demoníaca da Receita, preciso do número das minhas restituições dos últimos 50 anos – vou a um centro espírita saber o que fiz nos 20 anos antes de nascer – para gerar um código de acesso. Achei o arquivo da entrega, mas quem disse que encontro o infeliz número do recibo? Minha irmã querida me mandou a declaração no e-mail, mas quem diabos disse que eu tenho o desgraçado do programa da declaração? Arrisquei abrir aqui, mas o formato gerado é de bloco de notas e fiquei meia hora copiando todos os números de 10 dígitos e colando para ver se engabelava o site Receita. Para alegria de todos e felicidade geral da nação, a Intenet paleozóica que dividimos para mil computadores caiu e eu resolvi escrever antes de pegar o computador, socar na parede e pular em cima do resto.

Ufa!!! Desabafei um pouco e, pelo menos, salvei meu computador!!!

Parece que tem um cão homossexual – nada contra - atentando este ser humano com varinha de condão. A Internet voltou, mas terei que esperar até amanhã para conseguir o número infeliz e adiantar o lado. E você deve se perguntar: “Já que a Internet está fora, porque você não vai preparar logo a defesa?”. Também me pergunto isso, mas a resposta eu ainda não achei. Prometo que assim que eu terminar com minha maníaca verborragia incessantemente desesperada e terapêutica, nesse post, vou fazer isso. Mas, aí, acabei de lembrar que terça-feira, cedinho, tenho prova de inglês e, pra variar, não estudei nada!

E agora? Estudo para a prova ou preparo a defesa? Não me pergunte o que fiz o final de semana inteiro porque a raiva de minha inutilidade aumenta e eu vou ter que começar a escrever tudo de novo. É domingo à noite – agora já madrugada da segunda – e, à medida que os minutos passam, me sinto mais impotente diante do tempo.

Preciso de férias. Mas, antes disso, tenho que resolver minha bilhardária restituição, dar entrada na minha defesa, estudar para a prova, arrumar meu quarto, reciclar roupas... Gente, preciso matar o tempo para ele não me matar!

quinta-feira, 20 de agosto de 2009

EU TE CONHEÇO?

Um dos raros momentos em que posso me dedicar às atualidades é enquanto dirijo. Quando não estou emputecida xingando algum lerdo no trânsito consigo prestar atenção nas notícias do rádio. Às vezes ligo o maldito e não ouço uma palavra do que está sendo dito. Me encontro em lugares que nem eu sei onde é. Uma matéria que me chamou bastante atenção esses dias foi sobre a perda de memória. É incrível como pessoas da minha geração estão muito suscetíveis a este mal.

Desenvolvi mania de organização com minhas coisas. Tudo fica tão milimetricamente no mesmo lugar que se eu mudar algo de posição posso nunca mais achar. Segundo o especialista lá da entrevista, temos 3 tipos de memória: a imediata , a intermediária e a remota.
A imediata é a que mais me faz perceber o quão estou disponível à demência – que é a frequente perda de memória [quem me chamar de demente leva uma bifa, não vou esquecer]. São coisas que estão acontecendo e o velcro do cabeção não gruda.
Tem dias em que estou agendando uma pauta e no meio de uma chamada esqueço para quem estou ligando. Me bate um desespero tão grande quando a voz do outro insiste no “alô” e eu não sei quem é. Desligo nas carreiras e me volto para a tela do computador a fiscalizar as atividades. “O que estou fazendo nessa porra?!?”. Quando reconheço a voz respiro aliviada.
Quem nunca perdeu-se no meio de uma conversa e perguntou ao ouvinte: “Eu estava falando sobre o quê mesmo?”. Me sinto assinando um atestado de loucura com o polegar. Faz uns 3 meses que comprei 1kg de açaí no caminho do trabalho e deixei no freezer da empresa. Só dei por falta quando passei pelo mesmo lugar e me perguntei quando tomei aquele açaí. “Não tomei”. Deixei o embrulho derretendo na minha mesa pra não esquecer por mais um mês.
A memória intermediária é aquela que nos remete às semanas e meses ainda considerados recentes. Aquele papo com amigos numa mesa de bar, uma viagem, uma situação no trabalho, compras feitas (enquanto estamos pagando a fatura do cartão lembra), festinhas em que fomos, os micos que pagamos. Essa é minha melhor memória – ufa! Tenho uma!

Lembra aquela atividade de criança que você e seus amigos costumavam brincar? Eu lasquei minhas canelas pulando elástico, enfiei o ferro de segurar a planta na tomada e levei o maior choque, me esborrachei no chão “pulando a mula” (a pessoa mais lerda da galera ficava em posição de mula e os outros pulavam gritando “mão na mula”). Às vezes encontro um colega do primário e lembro dele. Essa é a memória remota, que as pessoas costumam ir perdendo à medida em que vão assoprando mais velinhas.

Eu troco as senhas do cartão de crédito com o de débito e acaba bloqueando tudo, daí eu ligo e xingo a décima geração dos atendentes. Esqueço pequenas quantias nos bolsos e fico feliz da vida quando encontro – sempre acho que Deus fez sumir para aparecer na hora certa. Perco todas as canetas e fico bizoiando a mão de todo mundo para ver quem “achou”. Só lembro os números dos telefones se olhar para o teclado do aparelho.
Como inexistem medicamentos que segurem a memória no lugar, o indicado é evitar situações estressantes [hã? Vou morrer!], vida sedentária [engordei 4kg], passar noites em claro [adeus festinhas], estimular a memória através da leitura [escrevam mais para eu ter o que ler] e, óbvio, não queimar neurônios – se beber vai afogar os coitados.
O especialista da entrevista sugeriu ainda, ao indivíduo com tendência a demência – fez até rima -, guardar as coisas sempre no mesmo lugar, anotar compromissos e fazer uso da agenda. Ele frisou que, o "stress", a ansiedade e a depressão também podem ajudar a memória falhar. Enfim... Como pertenço a esse "grupo de risco", se algum dia eu parar de postar acreditem: esqueci a senha.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

MÃOS NO BOLSO!!!

Essa pessoa que vos fala até que tenta limpar o ranço de ser humano mais mal humorado da Terra. Gostaria muito de acordar sorridente, saudando a vida, dando bom dia ao mundo [bom dia flores, bom dia moscas, bom dia poluição, bom dia barulho de escola infantil perto de casa, bom dia???]. Tento, mas ainda não é possível. Nos primeiros 15 minutos seria capaz de socar um Tiranossauro Rex que ousasse falar comigo. Depois passa, ou melhor, ameniza.


Agora, imagine: como pode ir bem o dia de alguém que leva o carro para uma revisão na concessionária logo cedo?

A idiota da atendente maquiada igual uma drag queen me apresentou ao mecânico responsável pelo meu serviço como “Ninja”. Entreguei a chave e fui para a sala de espera fazer as 500 páginas de exercício de inglês que estão atrasadas. Minutos depois ele vem ver se eu autorizo “o alinhamento e balanceamento, pois é indicado fazer a não sei cada quantos mil quilômetros rodados”. Soou um NÃO tão bem resolvido que ele deixou-me a sós com meus “titles and names”.

Em seguida o mecânico ninja retorna [iiiiiiiiiáááááááá]. Penso: “Que ótimo. Vou embora!”. Nada. Dessa vez ele trouxe um filtro para esfregar em meu nariz. “É o filtro ‘anti-poli’ do ar que precisa ser trocado a cada não sei quantos mil quilômetros”. Estava metade branco, metade cinza. Indaguei logo quanto custava. “R$ 80,00”. Não. Ainda tem uma partezinha branca que pode sujar. “Estou bem com minha rinite”. “Mas senhora...”. NÃO. “Obrigada”.

Liguei correndo para um amigo que nunca tinha ouvido falar do tal filtro “anti-poli”. Já
lembrando que preciso escolher, urgente, com qual seguro vou fechar – o que se subentende mais GRANA – o mau humor voltou “de com força”. A caminho do trabalho xinguei uns 10 caminhoneiros, uns 20 taxistas e uns 30 coroas que dirigem agarrados ao volante.

Assim que abri a Internet, corri para orçar o maldito filtro “anti-poli” que, na verdade, é um FILTRO ANTI-POLÉN. Pelo que entendi, este apetrecho evita que a poeira, monóxido de carbono, insetos e partículas entrem e bloqueiem a passagem do ar. Vou trocá-lo, mas não mediante esse assalto legalizado. Pasmem. Encontrei o mesmo filtro, igualzinho, por R$ 19,00 na Internet. E tem mais! Pelo que li, o meu ainda está “limpo”. Será que o dono da concessionária não tem medo de um dia acordar rico?

Fiquei muito indignada! Vai mudar alguma coisa? Provavelmente não. Mas tive que descarregar meu humor potencialmente nitroglicerinado em alguém. Sobrou para a atendente da outra concessionária, a que fiz a revisão de carroceria na semana passada.

Paguei R$ 33 para eles me avisarem que não tem nenhum ponto de ferrugem no meu possante. R$ 8,00 mais caro que na concessionária ladrona que fui hoje. Já que é para ser roubada que seja um valor menor, né? A atendente me ligou, por azar, na hora da revisão para pedir uma nota do serviço. “Qual serviço? O de me roubarem direito?”. Conjuguei todos os verbos, em todos os tempos e modos, com a coitada até ela entender que o serviço deles de “olhar a carroceria” é o mais caro da cidade. Olhar por olhar eu passo o olho e aviso a eles que está tudo OK! O carro é meu mesmo...

Agora me diga, com toda sinceridade do mundo, como é que uma pessoa muda o estereótipo de mal humorada depois de ser legalmente roubada numa manhã de segunda-feira?

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

LENÇOS UMEDECIDOS JÁ!

Um ano depois de ter comprado carro, essa semana foi a primeira vez em que fui, sozinha, calibrar os pneus do possante. Não é que seja desleixada, ao contrário, sou super cuidadosa, mas existem certas atividades às quais desenvolvo resistência com muita facilidade.

Não entendo bulhufas de veículos. Se faz um tic-tic qualquer fico logo neurótica e quero levar para ver o que é. Óbvio que a concessionária me adora, pois se não existissem pessoas como eu eles não enriqueceriam. Só faltam gritar “mãos ao alto!’.

Um dia, minha nave espacial aterrissou em um buraco maior que as crateras da lua e uma tal chapa de proteção do motor amassou. Parecia que tinha uma bateria de escola de samba me acompanhando e, desesperada que sou, achava que a placa poderia enganchar em alguma coisa e o carro capotar na descida de uma ladeira – não ria! Paguei R$ 16 para desamassar. Só descobri que era uma grande besteira porque meu amigo teve o mesmo problema e, na mesma concessionária, o mecânico levantou o carro, consertou na hora e nem cobrou. “Foi besteira brother!”. Como assim??? Eu devo ter cara de idiota mesmo!!! Porque mulher tem que pagar e homem não? É algum acordo entre seres do mesmo gênero? Genericamente ladrões...

Aproveito quando dou carona a algum ser bem dotado de testosterona para explorar. Peço logo para calibrar o pneu, coisa que só acontece a cada dois meses. A primeira vez que me arrisquei sozinha, deixei a tampa dos pitos caírem no chão e passei meia hora de bunda para o ar procurando as miseráveis. Teve um frentista que ficou com pena de mim [ou cansou de olhar minhas nádegas] e foi lá terminar o serviço – de botar ar no pneu! Depois desse episódio resolvi dar R$ 1 a alguém no posto para fazer isso.

Ontem me retei e encarei o desafio. Apertei os 30 de calibragem [que não sei o que significa], abri o pito e soquei a mangueirinha lá. No primeiro pneu o barulhinho me assustou e fiquei com medo da borracha explodir em minha cara. Se não estourou com quem estava lá antes porque vai estourar comigo?

Ainda bem que deu tudo certo e não precisei da ajuda de ninguém, mas... Não contive em passar na caixinha de sugestões e anotar bem grande: DEIXEM LENÇOS UMEDECIDOS PARA LIMPAR AS MÃOS DAS CLIENTES DEPOIS DA CALIBRAGEM. A mangueira é podre de suja e meus dedinhos magrelos ficaram pretos. Ninguém merece, né? Fui dirigindo o resto do caminho sem tocar direito no volante. Não guardo uma flanela no carro e tenho horror àquele cheirinho que elas incrustam no estofado.

Acho que a primeira vez que vou acionar o seguro vai ser quando tiver que trocar pneu. Não achem que sou perua. Quem me conhece sabe que não faço esse tipo. Sempre fui moleque macho em excesso, mas tem certas coisas que não dá para fazer.

Cansada de andar de buzão, coloquei no cabeção que tinha que ter um carro. Também odiava depender das pessoas para voltar para casa depois das festas. Conseguido meu “besourinho”, tenho outro sonho de consumo. Gosto de dirigir e o congestionamento me deixa menos louca que certos condutores. Alguns ficam segurando o trânsito como lesmas, mas falo sobre isso outro dia. Acho que preciso adquirir um acessório útil, que vai evitar estresse no trânsito. Moreno alto, bonito e sensual para ser motorista. O salário? A gente negocia...

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

SOTEROPAULISTANA

Hoje, toda preguiça do mundo repousa em mim. Estou devagar, quase parando. Mas quero botar o cabeção pra divagar. Alguns físdumaséguas acreditam que a preguiça é algo inerente ao baiano. Otários. Meus amigos que adotaram a Bahia desistiram dessa idéia de que baiano é calmo, paciente e preguiçoso. Basta me conhecer para mudar de idéia.

Na espécie de Torre de Babel em que vivo, tem mineiros, paulistas, cariocas, pernambucanos e, é claro, baianos. Nosso sotaque malemolente carrega uma imagem de que andamos nos arrastando, de preguiçosos, de quem não está nem aí para a vida. Porra nenhuma! Se isso for verdade então eu tomei energético no lugar do leite materno.

Uma amiga arrisca dizer que eu sou a baiana mais paulista que já existiu. Discordo. Não imagino a vida sem a onipresença marítima.

Nos primeiros 5 dias que passei em Sampa quase surtei na Av. Paulista. Me chamaram para um happy hour. Gente! A cada 200 metros tem um cruzamento e uma maldita sinaleira. Toda hora o carro parava ao lado de um ônibus e eu era obrigada a fechar a janela para não morrer intoxicada. Para sorte do meu humor, pegamos o caminho errado umas duas vezes e tivemos que fazer o contorno lá na casa da porra e pegar todo congestionamento de novo. O bom é que para estacionar lá é mil vezes mais fácil que aqui. O hapy hour se transformou numa alugação com a baiana que chegou atrasada – pra variar!

Nos primeiros dias que passei na cidade, tive uma crise aguda de mau humor. Não conseguia ver o azul do céu, nada de lua, estrelas só nos sonhos, um frio dos infernos e a sensação de ter um fumante ao meu lado o tempo todo. Os amigos de meus amigos riam horrores da “baiana estressada”.

Ainda bem que passei mais 10 dias na cidade para mudar totalmente a imagem que fiz nos primeiros momentos. Quando descobri que poderia comprar vááááárias roupas e perfumes infinitamente mais baratos que aqui quase surtei. Sapatos? Trouxe 19 pares. Virei centopéia. Só para vocês terem noção, levei uma mala e voltei com 3. Minha amiga já tinha medo quando me via escalando o cartão de crédito. “Segura a Luciana”. No meio da viagem tive que aumentar meu limite.

Depois me levaram para conhecer alguns museus. Enlouqueci no Ipiranga, pois o museu é gigantemente maravilhoso e tinha umas crianças correndo. Minha vontade era torcer a orelha de cada uma delas e arrancar um pedaço da língua para não gritarem. O Museu da Língua Portuguesa é meu sonho de consumo de visitação semanal. Quando descobri que quem pode andar de metrô não precisa de carro fiquei feliz da vida. Em compensação, não dá para andar de taxi, pois fica muito caro. Lá, o perto ainda é longe.

Para me conquistar de vez, me levaram num barzinho onde uma banda árabe toca ao vivo e as mulheres podem dançar sem todos ficarem olhando. Não queria nunca mais sair dali. Amo dança do ventre e aqui praticamente inexistem barzinhos temáticos. Amei São Paulo de grátis e descobri que, se desse para ver o céu azul, eu moraria lá tranquilamente. Sem céu não dá!

A única coisa que me tirou do sério nos dias finais dessa viagem foi uma mulherzinha ridícula e fedida. Estávamos indo para não sei onde e um infeliz abriu a janela e cuspiu na rua. Que eca! Porco em qualquer lugar do mundo. A fedidinha teceu o seguinte comentário: “Nossa, meu, que baiano!”. Tadinha. Fiquei calada, mas alguém lembrou que ela estava no carro com mais duas baianas e não deveria falar aquilo. Ela se desculpou e explicou – e eu entendi, de coração - que era uma força do hábito, não uma ofensa pessoal, etc. Para piorar, acrescentou que, “no Rio, por exemplo, quando as pessoas querem ofender alguém basta chamar de Paraíba’. Sem ter noção do perigo, ela perguntou: “Você entende, né? Lá na Bahia vocês não chamam ninguém assim não?”. Com toda malemolência de meu sotaque, respondi: “Claro que entendo, amor. Não é culpa sua, é toda uma cultura. Mas, na minha terra, quando achamos que alguém fez alguma coisa errada, chamamos a pessoa de retardada mesmo. Agora, por exemplo, eu te chamaria de idiota e tapada”. Silêncio geral. “Mas não é nada pessoal, você entende, né?”

Acho que ela entendeu, pois mal me olhou o resto da tarde. Para criticar o erro de alguém é necessário “ofender” o outro? Amei São Paulo e estou voltando. Fui baiana o suficiente para não deixar que uma gordinha fedida virasse estereótipo de um lugar.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

INVASÃO ALIENÍGENA INTRA-TERRESTRE

Inspirada pelo post escatológico de minha querida Aninha, não posso deixar de relatar uma história que se passou, este domingo, com um ser muito querido. Ela prefere não ser identificada. Respeito. Mas uma invasão domiciliar como a que ela sofreu precisa ser contada para todos se prevenirem. Ops! Como já soltei sem querer, completo: a casa de uma amiga foi invadida no dia dos pais. Conto.

Amiguinha acordou coçando os zóio e foi até a área de serviços. Se esguelou de tanto gritar quando percebeu o intruso mais ousado de todos os tempos. Seu Barata – letra maiúscula, sim, pois aqui ele é personagem – estava a bebericar água com as anteninhas balançando ao vento na lavanderia alheia. Coitado, não tinha noção do perigo. Ou seria uma afronta?

Pelo tamanho da barata, e do desfecho do ocorrido, que ela me contou, presumi que só podia se tratar de um baratão pai de família a carregar água para matar a sede da famigerada baratada. Prossigo.

É óbvio que ela puxou a arma mais tradicional para exterminar o invasor, que, ao perceber o perigo, saiu correndo e se escondeu com as antenas entre as pernas cabeludas. Entrou por uma pequena fresta entre o piso e lavanderia. Nem a Velox achava sinal daquela antena. “Ah, é? Peraí sua dirgraçada!”, pensou a futura infeliz amiguinha. Pegou um daqueles sprays mata-tudo e mandou ver na área. Ô ideinha infeliz.

Não passou nem cinco minutos e um exército de baratas invadiu não só a área de serviço, mas a cozinha, o banheiro, os quartos e a sala de amiguinha. O chão e as paredes ficaram pretas, marrons. As maiores ameaçavam subir nas pernas, as médias se espalhavam para confundir e inibir uma possível ação de represália e as pequenas corriam no salve-se quem puder.

Boa estrategista, amiga convocou – leia-se BERROU – seu pelotão composto de dois soldados encuecados [os bichinhos tinham acabado de acordar], mas munidos da arma mais poderosa contra este tipo de invasor: chinelos havaianas – quero minha ponta do merchan! Na verdade, eles estavam duplamente munidos. Armados nos pés, para pisar, estraçalhar as marditas, e nas mãos para a luta corporal.

Amiguinha instalou-se aos gritos no sofá e o mérito do combate foi dos amiguinhos, que estavam se sentindo um tanque de fuzilamento de insetos. Pisa, bate, corre, pula, bate de novo que a dirgraçada tá se arrastando, na parede não que mancha, não deixa entrar no guarda-roupa, não deixa ela fugir. Teve uma que até ensaiou levantar a asa para voar – pense na pretensão de uma barata metida a passarinho!!! Tadinhos!!! Ainda bem que eu não estava lá.

Agora vislumbrem o campo de batalha ao final do combate. Corpos espalhados por toda casa e o cheiro de sangue no ar – é só para vocês ficarem com menos nojo, pois barata não tem sangue. Os soldados recolheram-se ao lavabo, para colocarem a farda de gala e a amiguinha encarregou-se de limpar a área.

Litros de água sanitária e mais spray no QG inimigo - corajosa, viu?. Não haviam mais invasores intra-terrestres dispostos a lutar, mas eram muitos corpos espalados. Luvas e pano de chão serviram de rabecão. Campo limpo, só faltava arrastar os móveis e conferir se havia algum sobrevivente esperando o golpe de misericórdia. Mas se algo está ruim, com certeza, pode piorar.
Amiguinha arrastou o fogão, lugar onde reside um quelônio cagão. Pensou na merda? Pois é. No pé do fogão tinha uma granada que foi acionada e deixou um rastro não menos cheiroso que o sangue dos combatentes recém destruídos.

Não achem que minha amiguinha é porquinha. A casa dela é super limpinha, mas a coitada mora no térreo e as baratas alienígenas turbinadas intra-terrestres cavaram um túnel até sua lavanderia para beber água. Pode? Minha sugestão, amiguinha, é que você pare de fornecer suprimento ao inimigo, dessa forma, elas vão procurar outra fonte. Sugestão: se mude para o Saara.

domingo, 9 de agosto de 2009

Sr. e Sra. Balofos

Ai que saudade de casa! Minha cama, minha Internet, meu chuveiro, meu blog. Enfim, civilização. Mas foi bem legal ser bicho grilo por alguns dias. Deixa eu contar fofoca para vocês. Depois de ter gravado lá na cidade de pedras, em Andaraí, seguimos para Mucugê para a dormida e, no dia seguinte, gravar mais duas matérias. Quando chegamos no mega hotel que tinham feito reserva para a gente simplesmente não havia mais vagas em nenhum hotel da cidade. Ficamos até às 21hs sem saber onde íamos dormir, cansados, com fome e fedidos - saímos de Salvador às 8h!

O dono do mega hotel não deu a menor bola para a gente e disse que infelizmente não iríamos ficar lá. Já sentiu vontade de matar alguém? Não me arrependo disso. Ele chegou a dizer que sabia que gente "como nós" estava acostumada a ficar em qualquer lugar e que entederíamos a situação. Apelidamos essa figura ímpar de Sr. Balofo e sua esposa, que nem nos olhou, de Sra. Balofinha. Decidimos que iríamos embora no dia seguinte assim que acordássemos. Depois descobriram, ou se deram conta, que nós éramos a equipe de tal programa, de tal emissora. Achamos quarto somente em uma pousada e fomos dormir.

Eles devem ter se arrependido muito, pois reuniram uma procissão com 9 pessoas, incluindo o prefeito e Sra. Balofinha, e foram pedir desculpas quase à meia-noite. Como o apelido játinha pegado, o casal balofudo foi nosso alvo de piadas o fim de semana inteiro. Ah! O melhor é que alugaram uma mega casa para a gente, mas o ruim é que eu só tinha Internet quando ia no hotel de Sr. Balofo. Daí já viu, né? Gargalhadas mil e o homem lá com cara de besta sem saber porque.

Esse visual é de uma estrada que sái de Mucugê em direção ao Vale do Capão. A estrada é de barro, mas, além de fugir do trânsito, o aventureiro vai curtir um dos visuais mais lindos que já vi. No meio do caminho encontramos a Vila de Guiné, uma vila super bonitinha que serve como ponto de partida para uma das trilhas mais pesadas, e lindas, da Chapada: a trilha do Vale do Paty. Mas ficamos pela estrada mesmo e fomos filmando o visual mais que maravilhoso em que já passei.

Mas, como nem tudo são flores, e tudo é lindo, tomanos muita poeira pela cara para poder fazer imagens pela janela do carro. Fizemos os 45 km até Guiné em 3 hs, pois parávamos demais.
Gente! Eu já tinha esquecido que tinha alergia a picada de inseto, mas, toda vez que parávamos para entrevistar os moradores da beira da estrada, ou fazer alguma imagem, - que foram muitas vezes - eu pulava igual canguru tentando afastar os malditos voadores.Era para eu ter ido de calça jeans e bota para não sujar meu pé nem ficar com as pernas parecendo um maxixe. E nem pergunte porque eu não usei repelente, pois aqueles insetos pareciam ignorar a ciência.
Foi uma beleza. Enfiava meu pé no barro, o vestido ficava preso no mato (eu estava de short por baixo), tinha que bater nas mutucas (os insetos coleguinhas), pedir o enquadramento do imagem, esperar fazer, desmontar equipamento e voltar para o carro. Aí em baixo é um cemitério que encontramos no meio do caminho.


Apesar de cemitérios serem lugares pesados, com ar de tristeza e sofrimento, esse aí não é. Também, repousar ao lado do paraíso é r e p o u s a r. Logo depois do cemitério pegamos uma estradinha que estava bloqueada e tivemos que volar e pegar um desvio para chegar em Guiné. Gravamos umas entrevistas lá e voltamos correndo - foi correndo mesmo - para não ter que pegar a estrada de barro, mão única, à noite e apenas com luz do farol.

Cheguei em casa hoje e estamos fazendo uam festinha dos "sem pai". Amanhã trago mais novis.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Cidade de pedras

Pessoal, fiz o possível para postar antes, mas Internet aqui é como carroça de burro. Mas a viagem está sendo bem produtiva e o visual da Chapada é simplesmente maravilhoso.



Mas como nem tudo são flores, pegamos uma estrada de chão bem punk entre a cidade de Itaberaba e Andaraí. Tentamos fugir dos caminhões e acabamos vendo poeira virar nevoeiro.



Esta é a entrada da Vila de Igatu, distrito do município de Andaraí. Essa estrada que vcs estão vendo tem exatamente 6km de extensão e foi construída, à mão, pelos garimpeiros que foram buscar diamantes na região. Para abrir caminho e aproveitar a matéria prima in loco, eles iam construindo a estrada. O visual é de uma cidade medieval que é isenta de qualquer partícula de som. O silêncio chega a doer na alma.


Igatu chegou a ter 9 mil moradores na época do seu auge, mas agora vivem lá pouco menos de 400 pessoas. As casas com janelas e portas fechadas, coloridas e todos muitos desconfiados. Conseguir reunir uma meia dúzia de entrevistados foi o maior sufoco.


O historiador Marcos Zacaríades, que entrevistei lá, me explicou que um dia a Chapada já foi mer, por isso as rochas formam muitas imagens. O mar foi erodindo mais a parte de baixo à medida que foi secando. Aí em cima eu vi duas coisas: um sapo e um navio. O que vc vai ver depende muito da fonte que bebeste água hoje. rsrsrsrsrs


Com a construção de uma rodovia que ligava a Bahia ao Rio de Janeiro, quase todos os garimpeiros saíram de Igatu em busca de uma nova fonte de renda as casas foram sendo abandonadas. Todas eram construídas de pedras e as janelas, que outrora servia de fonte de ventilação e luz, hoje servem de moldura para plantas.









Bem, agora o almoço foi servido e eu preciso urgente repor as energias. Assim que puder volto para postar novas fotos e liberar o comentário de vocês. Bjs




quarta-feira, 5 de agosto de 2009

TORNEI-ME UM CORREIO

Essa semana, transformei-me uma franquia dos Correios e estou publicando, de uma só vez, dois selos! Inédito. Mas tenho motivos. O primeiro, e mais óbvio, é a falta de tempo – e vontade – de gastar o cabeção tentando extrair graça do meu mal humor incurável, mesmo sabendo que vou fazer uma viagenzinha - isto está me consumindo o tempo da alma.



Vamos ao primeiro selo: “As 5 coisas”. Como no deseinho tem escrito as 5 coisas, podem ser quaisquer 5 coisas que eu queira falar. Lá vai...

1 – Você não tem o que fazer além de estar aqui espiando?
2 – Tem horas que quero cometer um homicídio com esse blog, só para não me sentir obrigada a escrever quando tenho uma semana sem postar.
3 – Tenho vontade de dar uma surra em todos os guardadores de carro que não ajudam em nada e ainda se sentem donos da rua.
4 – Minha cunhada prenha está ao meu lado achando que está dançando uma dança indiana, mas está parecendo filme de terror trash (ela não me lê hehehehe).
5 – Acho Casseta e Planeta o dinheiro mais mal gasto da vida de uma televisão.

Mudei completamente as regras do selo e quem quiser pode pegar e falar 5 coisas que queira, mas me avisa para eu ler. rsrsrsrsrs

Tem outro selo que ganhei num momento oportuno e vou explicar.

Esse foi presente do Aninha Leme - não sei criar hiperlink [eu sou lerda] - então tenho que seguir as regras [nem todas tá? Sofro de desobediência aguda]. Olha as indicações da moça que não gosta de receber opiniões sem pedir, não gosta de cantadas baratas, detesta o cara da padaria que se sente especial para ela e que vem passear na Bahia em breve.

REGRAS
1º Exibir a imagem do selo (já fiz)
2º Postar o nome do blog que te indicou (obedeci)
3º Indicar 10 blogs e avisá-los (morro de preguiça, mas vou para o céu)
4º Publicar as regras (leiam!)
5º E ver se os indicados estão seguindo tudo direitinho (quem pegar avisa rs)

Agora explico. Amanhã, quinta-feira, dia 06/08, vou para a Chapada Diamantina gravar uma série de matérias. Já marquei várias entrevistas que serão muito legais. Vou visitar Igatu, uma cidade com ruínas cinematográficas, o cemitério bizantino de Mucugê, o visual no caminho da Vila de Guiné, uma manifestação cultural que se intitula os "cãos" que vieram atazanar e, é claroooo, tomar banho de cachoeira, além de purificar a alma. O legal é que no hotel tem conexão sem fio e vou poder postar todos os dias as atualizações de minha viagem, com direito a foto e tudo. Por isso vale a pena ficar de olho nesse blog. Até amanhã à noite.

domingo, 2 de agosto de 2009

COMUNICAÇÃO EFICAZ

Depois daquele sábado em que não consegui dormir direito [vide post anterior] minha insônia deu-me trégua e quando deito apago, morro. Os professores do mestrado não me aceitaram [como?]. Enlouqueci, fiquei puta da vida, surtei, tô doida, tô doida, tô doida! Até mandei o endereço deles para alguns grupos extremistas, daqueles homens barbudos vestidos com toneladas de explosivos e sedentos por justiça [hehehehehe]. Que vá aos ares, em pedacinhos, essa racinha que se sente intelectual, o extrato da nata do que existe de mais tradicional, que se julga no direito de ditar as normas do que é ser inteligente. Na verdade, são quase nazistas.

Bem... Ódio à parte, assim que não li meu nome na listinha dos escolhidos para serem inteligentes [tenho jeito?], corri e me matriculei num curso de inglês. Se não voltar a estudar, now, vou pirar de verdade. Inglês, dança árabe, trabalho, família e amigos. Acho que dá para o cabeção parar de se sentir inútil. Já aprendi tanta coisa nessa primeira semana de aula! Esquiuse-me, plis! Não expliquei que na época indicada para aprender outro idioma só tinha grana para o inglês ou faculdade. Sorry a vontade, prioridade é prioridade. Agora posso me dar ao luxo de aprender essa língua super sexy. Sim. Acho a pronuncia do inglês megasexy.

Êi, bí, cí, dí, í, éf, djí, êitch ái, djêi, kêi, él, êm, ên, ôu, pí, quíu, ar, éss, ti, iú, vi, dâbliu, écs, uái, zí. Embora soubesse o alfabeto in english, não lembrava mais a pronúncia, nem a musiquinha que meu irmão odeia de tanto me ouvir cantar ao banho [tadinho, ele já está cantarolando por osmose]. Voltemos à parte sexy. O que me chamou mais atenção foi a pronúncia do él, êm, ên.

O nosso “éle” vira a letra mais sensual de falar. Comece articular igual ao português e termine sem o último “e”, com a pontinha da língua tocando o céu da boca. Experimente, pode te trazer boas recordações... O “eme" é difícil explicar. Mas é mais ou menos assim: you abre a boca como se fosse falar o “eme”, mas pára no “em” e toca suavemente os lábios, como se fosse pegar algo com a boca. Na aula, fiquei vermelha ao fazer tal analogia. O “ene” é bem semelhante, mas a ponta da língua termina a pronúncia entre os dentes. Eu achei super séquisse [olha eu anta em ação!].

Em português, sempre achei o “x” a letra mais sensual de articular. “XIS” para a foto! Biquinho e sorriso na sequência. Pra quê mais? No bendito inglês, ele perdeu a graça. Vira um “équis”. O nosso “dê” exige que seja pronunciado como o nordestino do interior fala. É “dí” com a ponta da língua e pronto. Se falar “de”, eles podem entender o “djí”, que já é o nosso “gê". Aff!!! Me sinto uma equina [tá explicado por que não me aceitaram no mestrado, síndrome de jumenta] sendo alfabetizada de novo. E literalmente é. Tenho que aprender outro idioma do ziro.

Sei que cada lugar do mundo tem um sotaque e jeito diferente de pronúncia [não precisa você me lembrar isso, oquêi?], mas tenho que fazer o que professora manda, no? Ou então nem na prova oral vou passar, daí fico crazy de verdade.

Achei muito curiosa a pronúncia do “th”. Vira algo semelhante a um “efe” com a língua [olha a bendita língua erótica entrando em ação!]. Meu medo é de cuspir todo mundo falando “athletic”. Inclusive, acho o francês mais sensual ainda, com todos aqueles biquinhos de me beije, me bitoque, me rebeije. Tem gente que não acha, mas amo assistir Le Fabuleux Destin d'Amélie Poulain e ouvir Carla Bruni só para ver as boquinhas. Quem duvida pode conferir.




Não vou tentar o espanhol, pois já estudei um tempo e me viro bem. O italiano é bom, mas poder dizer vaffanculo já me basta. Prefiro dedicar meus desejos ao alemão ou russo e cuspir o mundo, pois ô povinho de fala difícil!!! Não era mais fácil todo mundo falar uma língua só? Se bem que, em aspectos humanóides, uma língua não precisa de pronúncias para se fazer entendida...