sábado, 20 de junho de 2009

PAUSA PARA OS SANTOS JUNINOS

Mininus e mininais!

A partir desse sábado, dia 20/06, até a próxima quinta-feira, dia 25/06, estarei completamente off line desse nosso mundo blogueiro. É por um motivo justo, arretado e de força maior. CURTIR O SÃO JOÃO NO INTERIOR DA BAHIAAAA!!! Olha que isso aqui tá muito bão!!!!
Terminei de arrumar as malas agora, às 1h44, e pego a estrada [360 km até Jequié] às 4h30. Fora o congestionamento [estou levando papel higiênico hehehehehehehe], espero chegar bem.
Não tive tempo de responder aos posts diuréticos, mas, na quinta à noite, respondo tudinho, vou fuçar os blogs alheios e volto com muuuiiiitaaassss hitórias [que somente uma viagem de 12 amigos pode render].

Anarriê!!!!!

quinta-feira, 18 de junho de 2009

ORGASMO DIURÉTICO


Hoje passei por um dos momentos mais apertados de minha vida. Quando digo apertado é porque foi quase a vácuo. Deixo uma garrafinha com água em cima da minha mesa de trabalho, daí já viu, né? Vou ao banheiro umas 2674 vezes ao dia. Quando vem a vontade tenho que largar tudo e sair correndo, caso contrário minha mente entra em parafuso, pois o anseio é tanto, mas tanto, que não consigo prestar atenção em mais nada.

Na hora do lanche, tomei refrigerante e voltei à senzala. Depois de quebrar algumas pedras [estou indignada com Gilmar Mendes, onde já se viu extinguir diploma de jornalista? Vou mostrar a ele onde vou enfiar o meu] desliguei o computador para enfrentar o trânsito e ir embora.

Quando liguei o carro, o pipi lembrou que queria passear. “Dá pra segurar”. Tomei uma das piores decisões de minha vida. São 20 km da TV até minha casa, mas pareceram uns 100 km. No início, a vontade é até gostosinha, aquela sensação que todos conhecemos... Mas o trânsito não colaborou.

Em média, passo por uns 20 semáforos. Hoje, todos fechados. Chegou um momento em que a vontade gostosa começou a virar sofrimento. Eu sentia cada carocinho do asfalto furando minha bexiga. Parecia que os pneus estavam arrastando direto lá... “Vou agüentar”, decidi com firmeza e aumentei o vozeirão de Amy Winehouse para distrair. Enquanto ela cantava “Ai ai ai, ai ai ai, abraçando o grande homem macaco”, eu fui cantando só a parte dos gemidos e o ai ai ai foi virando ui, oi, ai, hummm, ai ai, oi ui, ui ai...

Pense no gemido quando eu passava em um buraco!!! Nunca tinha percebido a força da Lei de Murphy. Ela é peso pesado. TODOS os carros passavam na minha frente, me ultrapassavam, não me deixavam seguir e a dor foi ficando tão forte que, quando dei por mim, estava me envergando, como uma interrogação.

Finalmente avistei a avenida que dá acesso à minha casa. São, exatamente, 9 quebra-molas até meu vaso sanitário. Só que, nessa altura do campeonato, eu já estava quase deitada em cima do joelho. Os carros na minha frente iam passando d – e – v – a – g – a – r – z – i – n –h – o por cada lombada. As lágrimas começaram a cair e um líquido foi chamando o outro e eu tentando conter a torneirinha de baixo. “Ô Jesus, Maomé, Abraão, Buda, Krishna, me ajuda, oi, oi, oi, oi...”.

Última lombada. Não agüentei chegar no meu prédio. Parei na casa de minha mãe, 200 m antes da minha, e entrei igual um foguete. Gente!!! Aquilo não foi uma mijada. Juro. Foi uma multigozada [xxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxxx, ouviu?]. Minha filhinha perguntou: “Ta sentindo o quê, mainha?”. Não dava para explicar a sensação de um orgasmo de uréia a uma criança. De olhos virando, esperei a última gotinha sair para explicar ao baby que mamãe tava “se mijando”.

Passei uns 10 minutos sentada no sofá até a sensação ofegante melhorar. Nunca mais espero um minuto para ir ao banheiro. Quando for dirigir, então, vou forçar todos os algarismos cardinais, ordinais, romanos, etc. saírem de um corpo que não lhe pertencem mais. Salvei meu estofado, mas aprendi que se alguma coisa pode dar errado, com certeza dará.

quarta-feira, 17 de junho de 2009

MUITO COMPLICADOS E NEM TÃO PERFEITINHOS

Hoje fui ao cinema assistir o filme “A mulher invisível” pela terceira vez. Nada de “piratex”. Não sou completamente contra, mas o filme merece ser visto nas telonas. Selton Mello está esplêndido no papel de Pedro. Caras e bocas m-a-r-a-v-i-l-h-o-s-a-s. Todas as 3 vezes gargalhei muito e, a cada sessão, percebo mais “erros de continuidade” no longa e muito, mas muuuuuuuito, mais motivos para ir rever na primeira oportunidade. Longe de ser o melhor filme que já vi, mas foi o que mais me fez rir nas últimas idas ao Multiplex.

“A mulher invisível” mostra o momento da vida de Pedro em que surge a esquizofrenia, uma doença mental caracterizada por sintomas como alucinações, delírio e perda de contato com a realidade, levando-o a ser demitido e acreditar na existência de uma mulher do jeitinho que ele sempre sonhou. No filme, Cláudio Torres trata o tema com o humor necessário à trama. Não vou contar nada além do necessário, pois vocês vão ter que amassar suas nadegazinhas (ou “onas”) por 105 minutos na poltrona e conferir se vale o seu tempo.



É engraçado como depositamos a culpa dos problemas afetivos que temos na outra pessoa, sendo que, muitas vezes, o “X” da questão está dentro de cada um, não no próximo. Quantas, e quantos, de nós nos envolvemos com um príncipe encantado, ou princesa, que vai, a cada dia, se transformando num sapo, ou uma gia? A verdade é que ele, ou ela, nunca pertenceu à realeza, nossa cegueira branca é que não nos deixava perceber o anfíbio em questão.

Em busca de uma mulher ideal, Pedro “criou” Amanda, personagem de Luana Piovani. Amanda não era invisível. Ela, só, não existia. A mulher invisível, mesmo, para mim, era aquela que amava Pedro, Vitória, personagem de Maria Manoella, e que passou despercebida por ele durante muitos e muitos anos. Porque é tão difícil aceitarmos que a felicidade pode estar tão próxima e ser simples? Idealizamos tanto que esquecemos como realizar mais. Basta olhar para o lado ou estender a mão.

É lógico que existem pessoas que têm vidas e objetivos incompatíveis. Essa é UMA questão. Outra é passarmos a vida inteira sozinhos em busca de alguém que corresponda exatamente às nossas expectativas. Isso pode acontecer amanhã ou nunca. Cuidado. Podemos virar um Pedro a mais, com a diferença que, na vida real, existe uma grande probabilidade de jamais encontrar esta pessoa e passarmos o resto dos tempos se lamentando e colocando a culpa da nossa infelicidade nos outros. No final das contas, acho que Carlos é o cara do filme.

Se ele, ou ela, é gordinho, e daí? Quem disse que todas as pessoas têm que ser saradas? Tudo bem que músculos são perfeitos, etc. e tals, mas, e se a companhia dessa pessoa te agrada, que importa que ele não é tãããããão alto? Se o mais importante é ser feliz, porque não aproveitamos o que cada um tem de melhor? É claro que isso não quer dizer fechar os olhos para todos os defeitos, mas sim aprender a conviver com eles ou, se isso for tão insuportável, partir para outra. No entanto, se isso acontece com muita freqüência, avalie com calma, pois o problema pode não estar nos outros, mas em você.

Conclusão: se você não é lindo como o Carlos (Vladimir Brichta), nem romântico como Pedro (Selton Mello), porque eu tenho que ser certinha como a Vitória (Maria Manoella), linda e gostosa como a Amanda (Luana Piovani)?

domingo, 14 de junho de 2009

É GUERRA?


Ai, ai... Dias dos namorados. Quem patenteou / decretou / divulgou essa data como o dia em que todos os casais devem sair às ruas e demonstrar seu amor? Não basta se amar escondido, em casa? Tem que esfregar na cara dos outros que ama? Não estou nervosa, nem chateada, muito menos revoltada. Juro, sem cruzar os dedos. Pesquisei e descobri um bocado de histórias sobre a origem do 12 de junho, mas estou com preguiça de resumir - se quiser saber também é só clicar o dedão googliano e pesquisar. Se vira. O negócio é o seguinte: fiz terapia durante um mês para aceitar que esse dia era apenas mais um em que os comerciantes precisam aquecer o mercado. É isso, não é? Errado. É o dia em que os solteiros se sentem mais solteiros.

Na noite anterior a essa data recebi uma visita que jogou fora um mês de terapia. A pessoa me perguntou o que eu iria fazer no dia seguinte. Respondi que nada, que aquela sexta-feira seria como outra qualquer... Etc. e tals. O ser humano discordou de mim e disse que era um dia comum, mas que ele representava alguma coisa para as pessoas que se gostavam. Enfim, dormi com aquilo na cabeça, acreditando na verdade que minha terapeuta me ajudou a aceitar.

Dia 12/06. Acordei - hã? O mundo não acabou???. – Era, de fato, uma sexta como as outras. Só para vocês terem idéia de como eu estava me planejando bem para o valentine’s day, aluguei váááários filmes porque queria, realmente, ficar só naquela noite, foi uma opção, mas... Uma amiga irmã me liga de Sampa fazendo o seguinte pedido: “Preciso que você compre o presente do meu maridão e entregue para ele”. Tremi na base. Não era qualquer amiga. É “A” amiga que acabou de reatar relacionamento e precisou viajar. Tinha como negar?

Banho hidratado, vestido longo, escova nos cabelos, unhas vermelhas, make belíssimo para... Comprar o presente do maridão da amiga. Gente! Foi surreal brigar na fila de impressão das fotos com duas meninas que queriam imprimir mil momentos. “Calma, amor, hoje é dia de relaxar!”, ouvi. Quando a impressão saiu peguei-a correndo para ninguém ver que eu não estava na foto. Deu vontade de usar uma metralhadora de 100 tiros por segundo (existe?) e acabar logo com aquele dia. Visualizou a cena do meu dedo no gatilho, gritando como Rambo, disparando para todos os lados no meio do shopping? Esquece.

Entrei em uma loja, pedi ajuda à vendedora e foi um pouco – pouco uma porra foi muuuito - constrangedor explicar que estava comprando presente para o marido de uma amiga minha que estava fora e eu não podia deixar de fazer esse favor... E eu não sabia exatamente o que comprar...

Acreditem, tinha até casal em que os guris pareciam nem ter 15 anos. Nessa idade eu nem sabia beijar!!! Onde está a mãe dessas meninas?... Sentiu que meu humor foi mudando de sereno para assassino? Comprei um presente lindo para o Fê e corri pro carro. Ufa! Pensei: “Em casa tudo vai ficar bem de novo. Despachei meu irmão e minha cunhada (dei de presente ingressos para um show) e vou ficar só vendo meus filmes”. Passei, apenas, uma hora com o carro parado sem conseguir sair do estacionamento do shopping. Todos os motores ao meu redor roncavam por corações apaixonados. Ô ódio!!!! Por todos os lados via beijos, kisses e bacios, e em todas as línguas possíveis. Cada olhada no retrovisor via um chupão diferente.

Apesar do trauma, prefiro acreditar que é um dia como outro qualquer, mas, de fato, ele representa alguma coisa para os enamorados. Ainda bem que os casais declaram guerra aos solteiros só um dia por ano. Imagina se todo mundo resolve recorrer ao amor incondicional 365 dias? Tinham mil festas de solteiros rolando, mas eu decidi que não queria sair naquele dia. Queria ficar só, pensar algumas coisas, rever outras. Acabou que não revi nada, não assisti nem um filme, não briguei comigo nem com ninguém e não respondi à recorrente pergunta do msn: “Você está em casa HOJE?”. A mãe vai bem? Boa noite.

quarta-feira, 10 de junho de 2009

MEU NOME É SEGREDO

Alguma vez você olhou na cara de um sujeito e pensou: “Ele tem cara de Melquisedequi”?. O nome pode ter sido qualquer outro, inclusive um mais “facin” de falar. O problema é quando conhecemos a criatura e nos damos conta de que seu nome não é aquele que pensamos, mas também não conseguimos assimilar outra alcunha para a pessoa. Tem gente que tem a cara do nome e tem nome que não tem a cara da gente.

Quem é Maria? Maria é a única pessoa do mundo – nesse momento - em quem confio entregar minhas roupas para lavar e passar, mas também é o nome da filha de minha amiga megachique que acabou de nascer. Aliás, convenhamos, Maria é um nome luxo. O negócio é que a gente inventou de achar que todas as pessoas humildes, que usam lenço na cabeça, têm cara de Maria, de dona-de-casa e, pior, passamos a ter preconceito com esse substantivo próprio. Se um dia eu puder mudar de nome, de novo, vou querer que me chamem de Maria. Talvez Maria Clara, porque só Maria acho não cabe em mim. O nome tem que ter o tamanho da pessoa.

Quando era pequena, tinha um vizinho que vivia lá em casa jogando baralho com meu pai. Eu achava ele muito bonito, grandão (não sei se eu que era muuuito pequena), uma barba tão cheia de fios bem pretos que nem parecia ter pele ali em baixo, fumava como uma chaminé e o nome dele era João. Pronto. Todo mundo que tem as características desse vizinho eu acho que tem cara de João. Ninguém me venha fazer acreditar que um homem magro, branquelinho, muito menos loirinho, daqueles com aparência de nerd pode se chamar João. Pra mim, esse aí só pode se chamar Rogério, ou Ricardo, que era o nome de uns gêmeos “sabetudo” que estudaram comigo na primeira série.

Acho que é por causa dessas associações, que minha mente sem ter o que pensar faz, que dificilmente associo os recém conhecidos aos nomes e suas respectivas fisionomias. É quase uma amnésia com os que acabaram de chegar. Para chamar alguém pelo nome certo – depois de cometer 527 gafes - preciso associar a pessoa a alguma situação na minha vida.

Estava numa festa e percebi que o conhecido de um amigo, do qual eu gostei da companhia quando conheci, estava ali. E agora? Como é o nome dele? A criatura acenou, eu respondi com um sorriso e um tchau. Ele veio em minha direção. Minha sobrancelha esquerda subiu de aflição, estimulando mais linhas de expressão. Se eu errasse o nome podia perder a oportunidade de “fazer um novo amigo”. Minha vontade era dizer: “Oi, eu sou a Ema” e enfiar a cara no primeiro buraco à vista. Como a festa não era numa fazenda, e não dava para cavar um, fui forçada a cumprimentá-lo. “E aí? Como você está?”, lancei minha primeira tentativa de a resposta trazer alguma situação lembrando seu nome. Nada. “Estou bem. E você?”, ele respondeu. “Xiiiiii... Ele também não gravou meu nome!”, me tranqüilizei e fomos levando o papo até que, graças a alguma entidade das nomenclaturas alheias, se aproximou um terceiro conhecido que o chamou pelo nome. Esse aí eu não posso revelar. Mas, pense num alívio!!!!! Ganhei a noite.

Hoje levei o cágado de meus sobrinhos para o trabalho. Não pense que gosto de andar com esses bichos defecando e urinando no tapete do meu carro (nunca imaginei que daquele casco pudesse sair tanta coisa). É que vamos gravar uma matéria sobre a teoria da evolução de Darwin. Depois posto o link. O engraçado é que o cágado é fêmea, mas minha irmã só descobriu isso depois que todo mundo já chamava a bichinha de “Bob”, pois acreditávamos que “Pink” (seu novo nome) era macho. O outro cágado que levei nem tinha nome. Graças a Deus, porque tive que explicar mil vezes porque Bob era Pink, mas que eu não conseguia chamá-la pelo nome certo por que minha irmã... etc. e tals.

Talvez eu tenha a explicação para essa confusão que faço. É que, quando eu nasci, todos da família me chamavam de Adriana. Quando completei um mês, que eu já devia sorrir quando chamavam “Adriiiiii” (bebê de um mês dá risada?), meu pai foi sozinho me registrar e daí vocês já perceberam o resultado, né? Voltou com o registro de Luciana para casa. Minha mãe ficou “P” da vida. Na família, todos têm o nome começando com a letra “A”. Gosto do meu nome, pois ele é um segredo que meu pai levou para o túmulo. Só que até hoje não descobri se foi uma Luciana que meu velhinho reencontrou no caminho do cartório e, para não esquecer, colocou o nome dela em mim. Traumatizei.

segunda-feira, 8 de junho de 2009

EU SOU FOFAAAAAA


Ganhei um selo de fofa de um blog. Como não é todo dia que me chamam de fofa (sendo eu o cúmulo da magreza), resolvi publicar o presentinho com o questionário que vem de brinde. Depois das respostas, me avisem se eu sou fofa... hehehehehehe...

1. Uma mania? Desenrolar fio de telefone. Desembaraça as idéias.
2. Um pecado capital? Ira
3. Melhor cheiro do mundo? O sovaco de minha filha
4. Se dinheiro não fosse problema eu faria? Uma casa em cada cidade do mundo
5. Casos de infância: Meu avô chegou de viagem. Eu lembrei como ele era bonzinho e disse: “Vô, quando o senhor quiser me dar mais dinheiro... O senhor é quem sabe!”. Me alugaram por anos por causa disso
6. Habilidade como dona de casa? Ainda não descobri
7. O que não gosto de fazer em casa? Bagunça
8. Frase? Eu posso, eu quero e eu faço
9. Passeio para a alma? Caminhar descalça na praia
10. Passeio para o corpo? Dança árabe
11. O que me irrita? É mais fácil dizer o que não irrita
12. Frase ou palavra que falo muito? Affff!!!! Você não tem noção!!!
13. Palavrão mais usado? Hahahahahaha Só andando comigo de carro pra saber
14. Desce do salto quando? Basta subir
15. Perfume que usa no momento? Egeo Dolce
16. Elogio favorito? Gostei do seu texto
17. Talento oculto? Quando descobrir aviso
18. Não importa que seja moda, não usaria nem no seu enterro? Anéis, pior ainda no dedo dos pés
19. Queria ter nascido sabendo? A amar incondicionalmente
20. Qual a minha vocação? Ser uma eterna “perguntadeira”
21. Eu sou extremamente? Perfeccionista, metódica, organizada... E tudo que seja semelhante

domingo, 7 de junho de 2009

DÁDIVAS DO ACASO

Nunca tinha pensado sobre a importância de reconhecermos nossas dádivas até que, um belo dia, alguém muito especial largou uma pérola: “Poxa! Todo mundo tem um dom. Tem gente que saber escrever, dançar, desenhar... Eu não sei fazer nada! Será que eu tenho algum um dom?”. De início, rimos muito da sua confessa falta de habilidade generalizada, mas, ampliando os horizontes, será que cada um tem UM dom mesmo?

A dúvida dessa pessoa começou quando ela viu os desenhos de um amigo (www.hoisel.zip.net). Essa carica aí em cima não é foto distorcida. Creiam, ela foi feita “na mão grande”. Quem rabisca o papel e quer ser desenhista, depois de fuçar o site dele tem duas opções. A primeira, e mais óbvia, é abandonar a idéia de riscar um “O” com um copo – “nunca vou fazer nada perfeito”! A outra, e que tem mais a ver comigo, é correr atrás para aprender a fazer o que quero. Ainda bem que eu nunca quis ser desenhista...

Já tentei fazer muita coisa que logo em seguida descobri não levar o mínimo jeito. Quem nunca pegou um frasco de desodorante e imitou um cantor? Me descobri megadesafinada. Já fez caras e bocas na frente do espelho se imaginando Fernanda Montenegro? Percebi que não sei mentir. Nunca cuidou de um doente e se sentiu a melhor pessoa do mundo? Não se desespere. Tenho certeza que não sou louca sozinha.

Faz muito tempo que queria aprender dança árabe. Procurei uma professora e comecei as aulas. Quanto mais meu corpo não obedecia quando eu mandava ele se movimentar eu ia encarando aquilo como um desafio. Fiquei neurótica. Comprei vídeo-aula e ficava em frente ao espelho treinando até que, um dia, meu irmão chegou em casa e me flagrou ensaiando. Ele riu horrores de mim. No início eu fiquei com muuuuuita vergonha. Quantas vezes riram de nossos sonhos e nós os abandonamos por uma certeza de derrota que não era certa? Não desisti de aprender e já sei fazer muita coisa.

Na última sexta fui ver o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Lindo cenário, belíssima apresentação. As bailarinas têm uma leveza no pisar que mais parecem nem tocar o chão – que o digam seus pezinhos delicadamente horrorosos machucados de tanta ponta de gesso. Elas flutuavam como se estivessem presas por fios ao teto. Suas pernas pareciam aqueles palitinhos de comida japonesa. Cocei o olho para ter certeza que não eram anjos magrelos. Saí de lá certa de que eu era um pé de jequitibá me arrastando com raízes, de salto alto, até o carro. Elas tão leves, braços com curvas tão simétricas e eu tão... Desengonçada!!!! Não dá para se comprar a elas, né?

Vocês já pensaram na cena de um jequitibá rei vestido de bailarina em cima de um palco? Não dá... O jequitibá não ficaria bem de ponta de pé, mas ele tem grande valor econômico comprovado, produção de madeira valiosa e é indicado para programas de regeneração artificial. Por isso, acho que devemos levar em consideração nosso dom na hora de escolher nossos caminhos, de decidir em que porta vamos entrar, mas não devemos esquecer que temos vontades – e também não podemos deslembrar que de um grande desejo pode aflorar um belíssimo dom. Minha aptidão maior é escrever, mas sei fazer outras coisas e... Quem disse que não posso aprender a dançar? Posso escrever dançando. Quem disse que, nesse momento, meus dedos não bailam ao teclado? É apenas uma atitude de vencer a vergonha e deixar seus sonhos mais inconfessáveis mostrarem que eles podem se tornar realidade.

Inshalá!!!




quinta-feira, 4 de junho de 2009

BELA FEIÚRA

Tem dias que acordo sem conseguir olhar o espelho. Detesto o que vejo. Não sei se acontece com vocês, nem se algo semelhante acomete os seres dotados de testosterona. Os poros parecem mais dilatados que as crateras da lua, o cabelo não tem jeito de ficar bonito, uma perna parece ter encurtado, aquele escarpam com um salto perigosamente alto e fino está apertado, a calça jeans feita sob encomenda fica folgada demais, enfim, nos sentimos o último dos seres. Por sorte, num dia desses, uma amiga me mostrou um vídeo. PQP!!!



Antes de ver esse filme eu tinha ido à dermatologista e ela me indicou retirar xantelasmas - pequenos depósitos de matérias gordurosas sob a superfície da pele. Passei uma hora com uma pomada anestésica na cara e depois senti um cheirinho de carne assada. Era ela “queimando” meus recém descobertos sinais. Passei uma semana com medo de me olhar e ver que meu rosto tinha cicatrizes que lembravam uma luta contra cem felinos.



Quando fui ao angiologista ele me alertou da necessidade de esclerosar pequenos vasos, para evitar que se transformassem em varizes. A cada sessão saio com as pernas cheias de manchas roxas. Como leva quase 7 dias até tudo ficar normal e a cada semana tenho que voltar, meus membros inferiores vivem me lembrando o quanto preciso de mais e mais e mais. É, literalmente, uma droga. Um tratamento sem fim.




Na hora de relaxar os cabelos haja sofrimento. Estica daqui, estica dali, massagem toda semana, escova, chapinha, corrida contra chuva...Uuuufa!!!! Acreditam que essa semana eu vi uma mulher com um saco plástico, daqueles brancos de supermercado, na cabeça, andando na chuva como se fosse a coisa mais comum? Ela estava numa poooose!!!! Ou seja, sofremos, sentimos dor, ficamos feias, para, então, tentarmos nos aproximar de Afrodite, deusa grega da beleza e do amor. Nos sentimos impelidas, ainda que inconscientemente, a sermos belas, iguais às mulheres que aparecem na televisão, que estão com os rostos estampados nos outdoors, revistas, dessas que foram pintadas – leia-se: impostas - como padrões de beleza.



Mas... Até que ponto essas peles saudáveis são reais? Esses cabelos são resistentes a chuva e ao vento? Essa ausência de olheiras resistiria a algumas contas atrasadas? Elas são, de fato, lindas ou é tudo mise en scène? A mulher que não se preocupa tanto com “essas coisas” é rotulada de desleixada e, dependendo do meio em que viva, pode ter sua sexualidade questionada. Não que isso tenha importância, mas é o pré-conceito aflorando à pele.




Também não podemos deixar de levar em consideração a pressão que os meios de comunicação, e todo um sistema capitalista, exercem sobre nosso frágil aparelho psicológico manipulável. Porque, quase invariavelmente, as mulheres que achamos mais bonitas são as de maior poder aquisitivo? Ficar bela é caro. Caríssimo. Alguém precisa vender a beleza e "eles" necessitam de pessoas ávidas por comprar. Recebi um e-mail com fotos montagens de como seriam algumas famosas, caso não tivessem grana. O que reafirma minhas teorias de que BELEZA=DINHEIRO e que não existe mulher feia, mas sim mal produzida.

P.S.: Não sei a autoria dessas montagens. Apenas recebi e postei.