sexta-feira, 29 de maio de 2009
O MELHOR DIA AZARADO DA MINHA VIDA
Primeiro ato: acordei atrasada porque não sabia onde tinha deixado o celular no dia anterior (meu fone é meu despertador). Mesmo quando ouvi a hora no rádio, sorri e me desejei um bom dia. “Mais tarde eu tento ligar no meu número para ver se alguma alma caridosa me devolve aquele aparelho de quinta”, confortei-me. Quando abri a porta para sair de casa, cadê minha chave? Bobagem... Minha cunhada levou junto com a dela... Que mal há em bater na porta do vizinho, às 8 da manhã, para ele abrir o portão do prédio? Sorria. O dia está apenas começando.
No trabalho, liguei umas cem mil vezes para o bar que tinha ido na noite anterior até uma voz do outro lado atender. A alma que encontrou meu celular “encosto de porta” não era caridosa. Não houve registro no livro de achados e perdidos. Eu nem gostava daquele modelo mesmo e os contatos eu devo conseguir recuperar nos próximos anos. No stress. Final do dia, a caminho de casa, convenci uma amiga a ir ver um filme no cinema. Quando vi um espaço vazio no estacionamento fiquei até com medo de ser uma área com goteira ou risco de desabamento. Sei lá... Implicância minha, né? O dia tinha tudo para terminar bem.
No guichê, pedi a próxima sessão do filme “Killshot” – tinha certeza que ver a cara esticada de Mickey Rourke ia me fazer sentir melhor ao olhar o espelho. A atendente prontamente destacou e me entregou os ingressos. Despretensiosamente, olhei o ticket para conferir a sessão. Faltavam 20 min. para... “Donkey xote”?????. Sorri um sorriso amarelo (me f...!), voltei e expliquei que ela tinha entendido o nome do filme errado. A coitada me olhou com cara de raiva, pois tinha que esperar o gerente descer para digitar uma senha etc. Resolvi ir lanchar para não perder o horário do filme. Qual o lanche mais rápido? Mc Donald’s!!!
Posso não ter tido sorte ao longo do dia, brinque com tudo, xingue minha mãe, mas não “bula” com minha comida não, na moral!!!! Estava em uma fila que deu problema no pedido da pessoa da frente. Passei para o caixa ao lado e o que aconteceu? Não precisa falar. Quando, enfim, fui atendida, fiz meu pedido: “Promoção do Big Mac, com kuat zero SEM GELO”. O que vem para mim? Coca-cola normal COM GELO! Refiz o pedido. A batata frita veio pela metade. Pedi outra. Quando o refrigerante chegou estava COM GELO. Implorei o certo DE NOVO e, entre mortos de feridos, chegou tudo ok.
Comi soltando fogo pelas ventas!!! Comi não, engoli. Já era a hora do filme e eu ainda tinha que ir buscar o ingresso no caixa. O gerente chegou, não viu a cliente (eu) e não liberou a troca do ticket. Ainda bem que minha amiga explodiu antes de mim. Se eu começasse a falar alto nessa altura do campeonato... O pior é que sempre fico com uma sensação de culpa depois, mas, dessa vez, me contive. Fiquei orgulhosa de mim.
No escurinho do cinema, haja trailer. Dublado de “O Exterminador do futuro” (odeio filme dublado, pior ainda trailer), “A mulher invisível”, “Duplicity'”, “Minhas adoráveis ex-namoradas”, e mais uns 2 ou 3. Quando o filme começou vi uma imagem que parecia familiar... Era “Wolverine”. “Será que entrei na sala errada?”, imaginei. Todo mundo pensou igual a mim e fomos, simultaneamente, reclamar. Estávamos na sala certa e o problema foi na projeção. Pensa que pude analisar logo as cirurgias de Mickey Rourke? Nada... Fui obrigada a ver todos os trailers de novo antes do longa interminável começar.
Apesar de o dia não ter sido dos melhores, joguei o jogo do contente, contei até 10, ri de meu momento infeliz, dei 3 pulinhos e fiz tudo para não deixar a paciência sair correndo. Resisti. Acho que venci minha TPM. Ou será que me rendi a ela? Enfim... A caminho de casa, tive todo cuidado no trânsito, afinal, rir da própria desgraça poderia começar a perder a graça. Nesta noite de sexta-feira, com chuva intensa - em que irei trabalhar no sábado bem cedo - com medo do teto desabar, me pergunto o que mais pode acontecer. Antes de descobrir a resposta, achei mais prudente fechar o computador e dormir.
quinta-feira, 21 de maio de 2009
FÊMEA BRUTALIDADE
Há coisa melhor que fazer xixi em pé? Nada de sentar em vaso respingado, basta mirar num canto, levantar o rosto, assoviar, dar uma esticadinha no bichano e... Ô alívio!!! Nem vem com essa história de não ter onde lavar a mão, pois isso é coisa de mulher. E o que me diz de coçar o saco? Concordo que é muito feio - e provoca asco - ver, mas, observando a cara de satisfação que eles fazem, duvido que seja ruim. Sentar de pernas abertas sem ter vergonha de alguém estar te olhando não tem preço. Manter um diálogo saudável com uma pessoa do sexo oposto sem ela encarar seus peitos, e achar normal, deve ser confortante. Não se importar com pintar as unhas, fazer sobrancelhas, depilar as pernas, axilas, buço, decote, passar chapinha no cabelo, retocar maquiagem, acordar mais cedo e ir correndo ao banheiro se arrumar para fingir que acordou igual a atriz da Globo. Ufa! Ainda bem que não me lembro de todas as desvantagens, pois, se essa lista crescer mais, vou morrer logo para ver se volto menino. Ahhhh!!! Já ia me esquecendo da melhor parte: não ser taxado de inútil por se recusar a fazer serviços domésticos.
Ser homem deve ser muuuuuuito bom. O que me irrita é a suposta superioridade masculina que impera intrínseca em nossa sociedade. É como se essa verdade fosse tão absoluta que ninguém ousasse contestar. Nem quero entrar no mérito dos séculos que foram perdidos cuidando apenas do lar. Em poucos anos de emancipação feminina, já estamos bem colocadas em setores que antes nos eram proibidos. Daí vem minha revolta, pois os benditos, nem de longe, são superiores. Na verdade, sinto que ser eles supera, em vantagens, ser elas. Se existisse uma balança em que pudéssemos pesar...
Quando, nós mulheres, ganhamos os primeiros brinquedos estes reproduzem como a sociedade espera que nós sejamos. Nos dão miniaturas (cada vez maiores para garantir melhores resultados) de utensílios domésticos, bonecas (que agora tomam mingau e defecam), maquiagem (que depois vão ficando mais caras), sapatos altos (que ajudam a provocar varizes) e nos adestram para sermos dóceis, limpinhas, delicadas e difíceis. Os meninos (esses, sim, aprendem a se divertir), em contrapartida, são estimulados a, quando cair, levantar e continuar correndo, não chegar em casa apanhado, beijar a coleguinha da escola quando ela estiver distraída, quebrar e consertar o carrinho novo e, nunca, por hipótese alguma, usar qualquer coisa rosa. A eles a liberdade. A nós a castração total.
O que fazemos com nossas crianças? Eu tenho uma menininha e nunca tive coragem de dar um carrinho de presente, mas o fogãozinho não fui eu quem dei... O que fazer para sair dessas amarras? Parece que está estabelecido que mulher tem que ser de um jeito – caso contrário não serve pra casar e, neste caso, não prestará para nada aos olhos da maioria – e homem de um determinado modo – senão vira gay e vai ser deserdado. Admiro tanto o desapego masculino em relação a algumas coisas que quase todos os meus amigos são rapazes. Poucas moças conseguem desfrutar de meus sinceros sentimentos.
Apesar de toda admiração pelo universo dos brutos, cá entre nós, ser mulher tem um gostinho especial que só sendo para saber. Basta aproveitar... Qual rapariga não gosta de fazer um docinho quando está morrendo de vontade? Qual mocinha nunca fez um drama com um machucado que nem estava doendo? Ter TPM é muito, ultra, hiper, megamaster ruim, mas, ser mãe é divino. A verdade é que acho que as melhores mulheres que conheço tem uma postura masculina – longe de conotações sexuais. Elas conseguem reunir qualidades de uma feminilidade exuberante e abraçar as coisas boas da masculinidade para se impor e vencer na vida. Grandes homens também precisam da sensibilidade feminina. E olhe que este não é um discurso feminista, tampouco machista, apenas equilibrista.
terça-feira, 19 de maio de 2009
UM DIA DE MIM
UM DIA DE MIM
Posso virar-me ao avesso e ainda te sentir aqui de dentro
Quero esgueirar-me pelo muro e ver-te passar correndo
Vou olhar-te escondido sempre que estiver distraído
Sinto teu cheiro suado toda vez que respiro intenso
Ando com o sono virado por não estar ao meu lado
Abraço quem não existe
Beijo meu pesadelo
Durmo como um anjo
Acordo delirando
Você está aqui
Onde só eu posso sentir
Um dia ainda descubro porque te escondi de mim...
domingo, 17 de maio de 2009
HOLOFOTE PARA A DOR
sexta-feira, 15 de maio de 2009
TEMPESTADE NASAL
segunda-feira, 11 de maio de 2009
THUNDERCATS DO ASFALTO
Cheguei a duvidar que tivesse capacidade de aprender a dirigir. Só de pensar em um carro me fechando em um congestionamento na ladeira da Federação (bairro mais alto de Salvador) eu tinha calafrios. Acreditava que fosse fechar os olhos com as mãos, como faço quando vejo filmes de terror. Tirei a carteira em 3 meses – iam ser 2 e meio, mas uma pessoa mais anta que eu derrubou o protótipo de carro atrás de mim e eu fiz tudo errado. Na segunda vez, suei mais que cuscuz, mas passei. Êêêita orgulho!!! Aposentei o RG e passei a apresentar a CNH. No início, era uma forma indireta de mostrar a todos que eu era habilitada, mas... Na verdade, só andava de buzão e nem tinha perspectiva de poder comprar um carro. Toda vez que saía com meus amigos não bebia só para voltar dirigindo, porque, sem álcool no juízo, eles não me davam o volante e, quando o faziam, eu não podia mudar de faixa, ultrapassar nenhuma lesma, passar de 60Km, olhar para o lado e tinha que frear assim que visse o sinal vermelho. Mesmo assim, tinha prazer em dirigir. No fundo, acho que queria ganhar prática, confiança, experiência de rua, que, só o dia a dia permite. Era medrosa, mas ousada. Com todo senso crítico, me acho uma boa motorista, mas, hoje, ambiciono o teletransporte. Será a perfeição. No stress. Quando comprei meu carro, descobri o primeiro arranhão ainda na concessionária, mas a vontade de entrar no meu possante, com cheirinho de novo, era tanta que eu nem me importei. Um arranhão bobo... Infelizmente, confirmei isso quando outros começaram a aparecer. Apesar de ser ultra, hiper, megadesastrada, desde que tirei a carteira não cometi nenhuma infração de trânsito, não bati e nunca encostei no carro de ninguém. Mas, o primeiro arranhão não se esquece. Você vê o carro a 10m de distância e só consegue enxergar o maldito arranhão de 1cm embaixo do retrovisor. Na minha cabeça, ele atravessava o carro. Pura ilusão de neurótica. Fui colocar placa e, na entrada do DETRAN, creiam, um caminhão (isso mesmo, um CAMINHÃO!!!) quase passou por cima de mim. Pelo menos foi essa sensação que tive quando ouvi o barulho daquela caçamba enorme encostando ao meu fundo. Saí do carro parecendo uma louca: “M-e-u c-a-r-r-o n-o-v-o P-O-R-R-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A-A!!!!!!!!”. Quando vi o arranhão, fiquei puta da vida. Esse, sim, tinha uns 30cm. Um engraçado passou gritando: “Já batizou, foi?”. Só dei o dedo como resposta. Enfim, o caminhoneiro disse que entrei na frente dele e eu disse que ele queria me atropelar e ficou por isso mesmo. Já sabe como é... Mulher dirigindo carro sem placa não tem credibilidade – e olhe que ninguém sabia que minha carteira ainda era permissão. Entrei para colocar a placa e agradeci a Deus por não ter sido algo pior. O arranhão da concessionária começou a ficar pequeno. Aos poucos, fui entendendo que o veículo é um bem material – de grande valor – mas, não dá para ter apego, pois ele vai acabar se rodar ou se ficar parado. Só para vocês terem ideia de como sou cuidadosa, ainda tenho bonecas, em bom estado, de quando eu era bebê. Ou seja, as bonequinhas também estão balzaquianas. No início, desapegar desses arranhões foi difícil. Mas estou conseguindo. O segundo grande risco aconteceu por excesso de prudência. Fui ao teatro e, para não estacionar na rua, deixei num local pago, porém, com um manobrista que tratou de esculpir uma mancha branca nele. Dessa vez arrancou até a tinta (foi escultura mesmo!). Estou processando a rede de estacionamento, pois - creiam - eles alegam que o arranhão não foi lá e que eu devia ter preenchido uma ficha de check list do veículo. Alguma vez alguém te ofereceu essa ficha quando você estacionou? A mim, não... Hoje de manhã, para começar o dia e a semana bem, ao sair do prédio vi uma obra de arte amarela no meu para-choque dianteiro. Ô ódio!!!! Graças a Deus ele não durou 5 min. Mesmo tendo carteira há pouco tempo e com mínima experiência de trânsito, aprendi que não posso manobrar além de onde enxergo. Mas, devido à visão além do alcance de muitos condutores thundercats, meu carrinho parece mais um alvo de dardos. Dia desses, uma vaca louca abriu a porta com tanta força e... Mais um arranhão!!! O que eu posso fazer? Matar? Morrer? Me estressar? Nada. Meu único trauma, juro, é não estar “destruindo” meu bem. É saber que os outros o estão fazendo por mim. Com essa chuva que caiu em Salvador, tem uns 20 dias que não consigo lavar o carro. Ou seja, não vejo os arranhões. TPM vai ser quando a sujeira sair e eu perceber minha pintura metálica virando porta de banheiro público.
sexta-feira, 8 de maio de 2009
COROA, CARA?
quinta-feira, 7 de maio de 2009
DEMÊNCIA DE DOER
terça-feira, 5 de maio de 2009
CONTABILIZANDO MONOSSÍLABOS
Apesar de passar o dia inteiro falando no trabalho – acho até que já tenho calo nas cordas vocais –, quando chego em casa ainda tenho necessidade de falar. Se não conversar, enlouqueço! Quando não tem ninguém em casa, entro no MSN só para tornar verbo o que não diz respeito ao meio profissional, divagar, gastar minha cota de palavras do dia. Li num livro que uma mulher pode falar até 20 mil palavras por dia, enquanto um homem consegue, com muito sacrifício, falar umas 7 mil. Como se não bastasse falar mais, fazemos isso duas vezes mais rápido. Vivo isso no meu dia a dia e descobri a importância desse conhecimento para um bom relacionamento com os produtores da testosterona. Único homem da família, meu irmão chega em casa cansado justamente por ser obrigado a falar em serviço. Ele precisa se comunicar. Minha cunhada passa o dia vendendo carros e fala tanto, ou mais, que eu. Em época de crise, vender carro 0Km exige uma certa persuasão e, por conseqüência, muita conversa. Depois de chegar com uma cara de surdo-mudo, de tanto ouvir a esposa tagarelar no caminho e não retribuir nem com um reles monossílabo, o diálogo da noite ao abrir a porta:
- Cunhaaaaa! Você não tem noção da cliente chata que eu atendi hoje... etc. etc. etc. – começa ela.
- Rapaz, você viu que o Governo da Bahia vai abrir os documentos da ditadura militar no estado? – pergunto, sem resposta, ao meu irmão.
- Cunha, por que a mãe de Maya (da novela “Caminho das Índias”) levou o bebê dela? – indagou, já vendo novela enquanto prepara um lanche.
- Aff!!! Amanhã tenho que produzir uma matéria sobre o bairro dos Barris, etc. etc. etc. – lembrei, durante o comercial.
Nesse meio tempo, eu e ela já falamos do carro batido da vizinha, do vestido novo que comprei... Enfim, nos empenhamos em gastar nossa cota não utilizada. Meu irmão, ao contrário de nós, precisa apenas do barulho do click do mouse. Ele não responde a nossas interpelações nem com um leve aceno de cabeça. Ignora nossa presença. É homem. Só consigo ser assim quando estou no auge de minha TPM, mas aí o mal é infinitamente pior, pois acumulo uma quantidade elevada de palavras para usar nos dias posteriores e ninguém suporta ficar ao meu lado. Até meu consciente pede aos neurônios, por favor, para darem um tempo. O que acontece em minha casa é reflexo de muitos lares, homens calados e mulheres tagarelas. Fui casada, confesso. Experiência que não indico nem ao pior dos inimigos. Agora, sou capaz de compreender boa parte das brigas que perdi. Em vez de minha cunhada, meu ex era quem morava conosco. Dois homens e uma mulher dividindo o mesmo teto. Eu chegava em casa e nem as paredes me ouviam, isso quando não tinha uma tropa de peludos, fedendo a suor e muita cerveja, que me ignorava até eu começar a gritar e expulsá-los. Aviso às meninas: quando os homens se reúnem, parecem entrar numa aposta de quem é mais nojento, detonando flatulências tão explosivas quanto fétidas; arrotam, um tentando fazê-lo mais alto do que o outro; zoam, um da performance sexual do outro colega e, quando lembram, falam de mulheres, geralmente das que nunca vão conseguir ter. Palavra de quem ouve o papo deles há anos. Sim... Quando não eram os ogros reunidos, era algum filme com explosões, pouco diálogo e muito sangue. Eu consigo ver um filme e conversar tranquilamente, sem deixar nenhuma das duas atividades a desejar. Se duvidar, ainda escrevo um post ao mesmo tempo. Os rapazes – sem ofensas, é apenas uma constatação – têm dificuldades em fazer várias coisas ao mesmo tempo. No livro que li, explica que esse comportamento é fruto da evolução deles, de falar pouco e se concentrar para não afastar a caça. Meu irmão acabou de acordar. Se eu não conversar logo sobre as contas da casa e aproveitar sua cota de palavras no início, vou me ferrar. É melhor eu procurar uma calculadora, daquelas que conte palavras.