domingo, 17 de maio de 2009

HOLOFOTE PARA A DOR

Engraçado como valorizamos as coisas passadas e não reconhecemos como importantes as que estamos vivendo agora. Sentimos saudade de quem foi, mas, na época em que estavam conosco, não pareciam tão importantes. Interessante como preferimos a “homenagem póstuma” à “homenagem em vida”. Acabei de ver o filme "Um ato de liberdade" (Defiance). O longa é uma adaptação poética da resistência de um grupo de judeus ao ataque nazista, nas florestas da Polônia. Daniel Craig, no papel de Tuvia Bielski, interpretou, belissimamente, um hebreu que acreditava no senso de humanidade, mesmo estando em desfavor na guerra e vendo seus refugiados sendo dizimados pelas doenças, fome e conflitos internos. Tuvia foi pintado um “Moisés”. Exageros cinematográficos à parte, lamentei ver aquela história toda e saber que um dia ela, de fato, aconteceu. Não daquele jeito, mas o massacre aconteceu. Lógico que o cinema não reproduz EXATAMENTE a história. Cinema é arte, ficção. Quando tenta, pode reproduzir um reflexo deformado da realidade, mas nunca ela em si. Quem pesquisar um pouquinho mais vai descobrir que o grupo dos Bielskis, em alguns momentos, se uniu ao exército russo, que também oprimiu o povo polonês. Era guerra. Mas uma dúvida não me sai da mente: porque as potências não impediram o massacre de Hitler? Os judeus foram exterminados como ratos. A sociedade de proteção aos animais consegue mais resultados para os bichos que as nações oprimidas conseguiram para seus cidadãos. Quem teve oportunidade de ver o filme "O menino do pijama listrado" (The Boy in the Striped Pyjamas) viu cenas que, acredito, chocaram. O ser humano no estado mais irracional que já vi. Antes de pertencerem a uma religião, eram pessoas que estavam sendo levadas para a câmara de gás, torturadas até a morte, queimadas vivas, sendo usadas em experiências científicas ridículas. Os judeus sofreram muito. Não há como mensurar o que passaram. Mas, me pergunto todos os dias: se sabem o quanto sofreram, porque será que fazem com o povo palestino o que fizeram com eles? Durante a Segunda Guerra Mundial, existiam forças capazes de conter o holocausto. Ninguém interviu, para mim, porque o Estado de Israel precisava de condições propícias para ser criado. Mas, e hoje? Porque o mundo não vê o povo palestino? Será que meus netos vão assistir filmes mostrando o que acontece no Oriente Médio atualmente? Será que Bin Laden vai ser um herói? Quem sabe? Porque não mostrar a verdade AGORA?????? Mesmo antes da Primeira Guerra Mundial, os judeus já estavam sendo levados pra a região onde foi criado o Estado de Israel, em 1948, mais de 30 anos depois. Coincidência, não? O agravante, que não é mero detalhe, é que o povo muçulmano já vivia em Jerusalém desde 1244 d.C. A partir de 1917, com apoio britânico, judeus de todas as partes do mundo migraram para o território do atual Estado de Israel. Eles começaram a comprar terrenos, entrar ilegalmente no país e invadir fazendas em busca de ganhar espaço que justificasse, no futuro, a criação de Israel. Se um dia você chegasse em sua casa e a pessoa descendente dos que viveram lá, 700 anos atrás, tivesse tocado fogo no seu lar, matado seu pai, estuprado sua mãe e sua irmã e ainda te dissesse: “Vá embora! Esse lugar agora é nosso!”, o que você faria? O que você teria a perder? O que vemos, pessoas, nada mais é que o grito desesperado dos que não têm voz, não têm quem os escute, não tem quem os respeite. Eles dizem: “Ei! Prestem atenção na nossa dor!” e nós vemos e nos contentamos apenas o que querem nos mostrar. Essa satanização do islã não é real. Assim como os judeus dizimados no holocausto, os palestinos querem voltar para suas casas, querem paz. Como aqui no Brasil existe o crime organizado, lá existem os grupos extremistas, na Espanha existe o ETA, na Colômbia as Farc e assim por diante. Violência gera violência. Quem elegeu representantes do Hamas? As pessoas que querem ser ouvidas! Quem atirou a primeira pedra? Quem sente dor grita mais alto e o eco pode assustar os que não entendem essa voz. Onde morrem mais pessoas? Em Israel ou na Palestina? A pesquisa, meus caros, fica por conta de quem quiser saber a verdade...

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