sexta-feira, 8 de maio de 2009

COROA, CARA?

Sou viciada em e-mails de trabalho. A primeira coisa que faço ao chegar em casa é conferir se alguém me mandou nova mensagem, pois o prazer de abrir um link novo me faz colar os dedos neste teclado. Quando fazemos o que gostamos fica difícil separar divertimento de obrigação. As coisas se confundem e as pessoas começam a achar que somos loucos. E, na verdade, somos! Esse tipo de confissão não se faz, a menos que realmente não se importe mais com o que os outros pensam de você. Ganhei um ponto comigo quando deixei de me importar.
Dia desses, às vésperas de entrar para a lista das balzaquianas neurastênicas, recebi um texto quase provocativo: “Mulher brasileira não sabe envelhecer”. Me recusei a ler. Achei que aquele não era o momento adequado para tomar conhecimento de uma realidade irrefutável. Estou en-ve-lhe-cen-do-o-o-o-o-o! Mas, depois de uns dias pensando friamente, quando não estive? Em algum momento o tempo parou para você? Se sim, me avisa que vou procurar, agora, com quem reclamar! Não nasci, e tenho certeza de que você também não, como o personagem de Brad Pitt, Benjamin Button, enrugada e rejuvenesci com o tempo. Desde que demos o primeiro suspiro, ligamos um cronômetro, que não sentimos nem vemos, mas também não podemos parar, nem ele tem botão de pausa para tomarmos decisões. Se o tempo não pára a ponto de ficarmos eternamente com 20 anos, ele também não breca diante das possibilidades que surgem a cada momento. E apenas a experiência, ou a inovação, permite-nos desfrutar de cada situação como ela merece.
Hoje, menos trêmula com a responsabilidade de ser um motor 3.0 e tracionado nas 4 rodas (sim, o tempo nos traz potência!), abri o e-mail. Nenhuma meganovidade no corpo do texto, mas me chamou a atenção o resultado da pesquisa: entrevistas feitas com mulheres brasileiras e alemãs concluem que essas últimas é que sabem envelhecer. Elas, segundo a autora, se preocupam mais com aspectos “intelectuais” e dão menos importância ao estereótipo, que faz com que nós, brasileiras, tenhamos pânico do envelhecimento. De acordo com o mail, somos aficionadas por esconder gordura, flacidez, decadência do corpo, medo, solidão, rejeição, dentre outras qualidades citadas. Pode ser que a pesquisa tenha validade do ponto de vista quantitativo, mas seu resultado não pode ser absoluto, pois a opinião das mulheres entrevistadas representa apenas um estado brasileiro, o Rio de Janeiro. Você participou da entrevista? Conhece alguém que respondeu às perguntas? Eu não.
Até concordo que as mulheres têm medo de ficar velhas, mas não consigo acreditar que as de outro país não tenham. É a cultura brasileira? Para mim, é apenas mais uma pesquisa que tenta provar como os brasileiros são atrasados em relação aos europeus. Mania de civilização perfeita. Deletado o e-mail, me pergunto: desde quando ser jovem é sinônimo de beleza? Onde está a juventude? Nas atitudes, na mente ou no corpo? Para mim, em tudo. Conheço inúmeras pessoas bem mais novas – leia-se, com menos idade – que esta que vos escreve e que parecem ter sido esculpidas há séculos e em molde de cupido. O oposto também acontece.
O problema, para mim, não está em envelhecer, mas sim na forma como as pessoas encaram isso, no peso que conotamos ao que é velho. Apesar da angústia, nos primeiros dias de Balzac na minha vida, acho que nunca vou me sentir velha, pois o tempo me traz, a cada dia, mais e mais, qualidades, sensações e sentimentos que pessoas de menos idade vão ter que esperar para ter, sentir e conseguir aproveitar. Não existe comportamento esperado para uma mulher em nenhuma faixa etária. Quero mesmo é nunca deixar de me sentir garota. Rir alto ao telefone, sentir friozinho na barriga quando se está apaixonada, ficar vermelha ao ser pega fazendo algo de errado e inventar a desculpa mais esfarrapada do mundo, brigar com a mãe e se sentir na razão, ter vergonha de falar em público e a ousadia de perguntar: E DAÍ? A diferença é que agora sei valorizar e viver cada uma dessas situações. Coroa? Vou buscar a minha, pois, de princesa, virei rainha e acabei de dar um xeque-mate.

5 comentários:

Isa disse...

Nossa...
apesar dos 25 anos, sempre pensei assim: envelhecer é sinonimo de viver a vida!!!! de experiencias vividas!!!

ser jovem é legal... vc tem força, disposiçao, menos rugas e etc.
Mas o que um jovem sabe da vida, gente???
NADA!

simples assim!!!

Anônimo disse...

Só tenho uma coisa à dizer....Os balzaquianos são os melhores!
E tenho dito!rsrsrsrs

Clau Souza disse...

Garotonaa...Eu passo alguns dias sem te visitar aqui e quando volto, saio com um liquidificador na cabeça..rs


Não se preocupa... seu sorriso continua o mesmo de 40 anos atras...


Brincadeiraaa..


Se vc n vê problemas em envelhecer, não precisa se preocupar com a forma como as pessoas o encaram...


=**

Isa disse...

Oiii...
tem um selo no meu blog pra vc!!

Unknown disse...

Porra, nada contra a juventude, mas eu eu prefiro ser balzaquiana... O auge de toda mulher é depois do 30.
De vez em nunca, bate aquela coisa de querer reformar, melhorar, mas passa
bj